ARQUÉTIPOS EM TRANSE _
Criar novas realidades, sair do eixo de referências e penetrar o universo do outro. Um olhar particular que visita personagens anônimos à própria rebeldia da rotina. Cenários urbanos, por vezes caóticos, ou mesmo pacatos, pairando no tempo. Reflexos inesperados, figuras híbridas, fantasiosas. São inúmeros os elementos que constroem um episódio de André Cunha, prolífico fotógrafo que parece buscar no acaso o sujeito perfeito para tantos predicados.
Escolher essas imagens que, simultaneamente à entrega do fotografado expõem o próprio autor, e apresentá-las no ambiente de sua própria casa, oferece uma dimensão ainda mais visceral de si mesmo como artista. Como ser humano. Uma casa não é apenas um espaço. Cada objeto, cada cena ali vivida, cada cômodo traz consigo um fragmento de sua trajetória. Essa volumetria entre camadas explora uma visão de 360 graus dele. Essa foi a principal ideia da fuga do espaço de galeria, ir além do conforto do imaculado, e evidenciar o cenário na mesma hierarquia dos trabalhos, como se fossem um único corpo.
Arquétipos em transe celebra a inquietude daqueles que querem sempre se reinventar. Mesmo descobrindo nas repetições do cotidiano a beleza das acontecimentos ordinários, corriqueiros. Como se cada vez que abríssemos os olhos, devêssemos abri-los novamente, ainda mais. Sentir com o olfato, tocar com os olhos, ver com o toque dos dedos.
Ricardo Gaioso
Curadoria
Arquétipos em transe
09 a 15 de julho
Ed. Saint Honoré, Av. Paulista, 1195 / Apt 73
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